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sexta-feira, 29 de março de 2024

O conceito de interesse nacional nos trabalhos de Paulo Roberto de Almeida - Listagem seletiva

 O conceito de interesse nacional nos trabalhos de Paulo Roberto de Almeida 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Listagem dos trabalhos feitos contendo o conceito de interesse nacional, no singular ou no plural, ao longo da lista geral dos trabalhos.

 

Minha atenção foi chamada, recentemente, para um trabalho meu especificamente escrito em torno da “ideia do interesse nacional”. Eu estava buscando outra coisa, mas o conceito pipocou na lista geral, e me deu a vontade de saber quantos trabalhos eu tinha escrito que compreendiam, de uma forma ou de outra, esse conceito, mais especialmente referido ao Brasil e à diplomacia brasileira, obviamente. Vejamos o que aparece.

 

1)      169. “Relações Internacionais e Interesse Nacional: As Relações Econômicas do Brasil e a Ordem Constitucional”, Genebra, 20 fevereiro-13 março 1989, 26 p. Ensaio sobre as relações econômicas internacionais do Brasil, tal como influenciadas pelos dispositivos pertinentes da nova Constituição e sua relevância para o interesse nacional em termos de capacitação para o desenvolvimento. Publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (Anos XXXIX a XLI, 1987/1989, n. 69/71, p. 164-183). Relação de Trabalhos Publicados n. 058. 

2)      360. “Os Limites do Alinhamento: liberalismo econômico e interesse nacional, 1944-1951”, Brasília: 10 julho 1993, 33 p. Trabalho sobre a diplomacia econômica do Governo Dutra, elaborado com base em trabalho anterior. Publicado em número especial da revista Estudos Ibero-Americanos (Porto Alegre: PUC/RS, vol. XIX, n° 1, julho 1993, p. 13-39; DOI: https://doi.org/10.15448/1980-864X.1993.1.29200; link: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/view/29200/16135); plataforma Academia.edu (23/10/2020; link: https://www.academia.edu/44359251/360_Os_Limites_do_Alinhamento_liberalismo_economico_e_interesse_nacional_1944_1951_1993_). Relação de Publicados n. 140.

3)      806. “Acordo de Alcântara: soberania e interesse nacional”, Washington, 31 agosto 2001, 16 p. Comentários gerais e elaborações tópicas a propósito do parecer do Deputado Valdir Pires (PDT-BA) sobre o acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos (Alcântara), para subsidiar trabalhos da Comissão de Relações Exteriores da CD. Nova elaboração em 04/09, com considerações de ordem política. Postado no blog Diplomatizzando (18/03/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/acordo-de-salvaguardas-tecnologicas-de.html).

4)      813. “Ideologia da política externa: sete teses idealistas”, Washington, 2 outubro 2001, 10 p. Ensaio reelaborado a partir de trabalho n. 508, de 1996, publicado em versão original no livro Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: UFRGS, 1998). dividido em 4 Partes: Primeira: 1. “Os objetivos nacionais permanentes”; Segunda: 2. “A independência nacional”; 3. “O interesse nacional e a cooperação internacional”; Terceira: 4. “A “graduação” e o status de país em desenvolvimento”; 5. “A integração regional e o ingresso em foros restritos”; Quarta: 6. “A imagem internacional do Brasil”; 7. “Avaliação do instrumento diplomático brasileiro”. Ensaio incorporado ao livro: Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford, 2015). Relação de Publicados n. 286, 287 e 291.

5)      1087. “A Alca e o interesse nacional brasileiro: doze questões em busca de um debate racional”, Washington, 28 jul. 2003, 23 p. Compilação feita a partir dos trabalhos 1074, 1079 e 1081. Publicado na revista Espaço Acadêmico(Maringá, n. 27, ago. 2003; ISSN: 1519.6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/35933; pdf: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/35933/751375149960); e como contribuição na obra coletiva coordenada por Wagner Rocha D’Angelis (org.), Direito Internacional do Século XXI: integração, justiça e paz (Curitiba: Ed. Juruá, 2003. 388p.; pp, 127-154). Incorporado, em 15/08/2006, ao site de consultas acadêmicas Monografias.com (http://br.monografias.com/trabalhos/alca-interesse-nacional-brasileiro-questoes/alca-interesse-nacional-brasileiro-questoes.shtml). Relação de Publicados ns. 437 e 455. 

6)      1262. “Política externa e Interesse Nacional”, Brasília, 20 mai. 2004, 3 p. Respostas a questões colocadas por Livia Jacobina (liviajacobina@hotmail.com), aluna do 4º semestre de Relações Internacionais do IESB (Brasília), disciplina Política Externa Brasileira, para trabalho sobre as relações comerciais Brasil-EUA. Postado no blog Dipomatizzando (20/11/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/11/politica-externa-e-interesse-nacional.html).

7)      1777. “A economia política do baixo crescimento econômico no Brasil: um Prometeu acorrentado pela sua própria Constituição”, Brasília, 31 julho 2007, 21 p. Ensaio sobre os impedimentos constitucionais a maiores taxas de crescimento econômico e de inserção internacional no Brasil, com base nos trabalhos 169 (“Relações Internacionais e Interesse Nacional: As Relações Econômicas do Brasil e a Ordem Constitucional”, Genebra, 20 fevereiro-13 março 1989) e 1752 (“Prometeu acorrentado: o Brasil amarrado por sua própria vontade”, Brasília, 20 maio 2007), e incorporando os quadros analíticos do capítulo 3 (“A estrutura constitucional das relações internacionais do Brasil”), do livro O Estudo das Relações Internacionais no Brasil (Brasília: LGE, 2007). Publicado in Elizabeth Accioly (coordenadora), O Direito no Século XXI: homenagem ao Professor Werter Faria (Curitiba: Editora Juruá, 2008, 864 p.; ISBN: 978-85-362-2151-9; p. 615-632). Republicado em edição especial comemorativa dos 20 anos da instalação da Assembleia Nacional Constituinte da Revista de Informação Legislativa (Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal, ano 45, n. 179, jul.-set. 2008, p. 1-16), sob supervisão do Professor Jorge Fontoura (organizador). Recebido para revisão em 15/08/2008. Disponível na Academia.edu (link: https://www.academia.edu/49127163/A_economia_pol%C3%ADtica_do_baixo_crescimento_econômico_no_Brasil_Um_Prometeu_acorrentado_pela_sua_própria_Constituição_2007_). Relação de Publicados nº 846.

8)      1875. “Interesse Nacional: uma nova revista”, Brasília, 13 de abril de 2008, 2 p. Resenha da nova revista lançada pelo Embaixador Rubens Barbosa. Desafios do Desenvolvimento (ano 5, n. 43, maio 2008, p. 62). Divulgado no blog Diplomatizzando (27/02/2024, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/surgimento-de-uma-nova-revista.html). Relação de Publicados n. 835. Relação de Publicados n. 835.

9)      1879. “Bases conceituais de uma política externa nacional”, Brasília, 21 abril 2008, 12 p. Texto de natureza analítica abstrata (isto é, sem referir a um país em particular) sobre como deveria ser uma política externa voltada para o interesse nacional. Revisão e ampliação do texto, sob número 1929, com vistas a sua apresentação no Congresso de Programas de Pós-Graduação em Direito (Conpedi), e premiação em concurso (em 27.09.2008).

10)   1929. “Bases conceituais de uma política externa nacional: uma contribuição para a definição de uma agenda diplomática condizente com o princípio do interesse nacional”, Brasília, 27 setembro 2008, 21 p. Texto de natureza analítica abstrata (isto é, sem referir a um país em particular) sobre como deveria ser uma política externa voltada para o interesse nacional. Ademais de questões de método (intenções claras, interação entre a ação diplomática e a base econômica, avaliação dos meios disponíveis e abertura às inovações), são abordadas questões substantivas (interesse nacional, prioridades, parcerias estratégicas, os blocos e alianças restritas, segurança, representação dos interesses sociais e instrumentos de ação), que podem fundamentar uma diplomacia concreta. Revisão e ampliação do texto 1879, com vistas a sua apresentação no XVII Congresso de Programas de Pós-Graduação em Direito (Conpedi). Premiado em 27/09/2008 com menção honrosa. Revisto em 22/11/2008, para livro a ser editado por Estevão Chaves de Rezende Martins sobre União Europeia e América do Sul. Revisto como “Reflexões sobre uma Política Externa com Base no Interesse Nacional”, para o vol. 15 da obra: Estudos de Direito Internacional, sob a coordenação de Wagner Menezes (2009). Publicado In: Estevão C. de Rezende Martins e Miriam G. Saraiva (orgs.) Brasil - União Europeia - América do Sul: Anos 2010-2020 (Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2009, p. 267; ISBN: 978-85-7504-138-3; p. 228-243). Fracionado em onze partes, para cada uma das seções, sob o título genérico de “Manual de Diplomacia Prática”; publicado em Via Política, entre 27/12/2009 e 05/04/2010. Relação de Publicados nº 907. Publicados em Via Política: 943 (para o conjunto). Incorporado ao livro: Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, p. 289; ISBN: 978-85-8192-429-8). Nova versão, ampliada, sob n. 3741 (em 27/08/2020, para o livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749). Relação de Originais n. 2596. Relação de Publicados n. 1133.

11)   2242. “Um projeto de Governo: sobre a volta ao poder da ‘oposição’”, Brasília, 1 fevereiro 2011, 8 p. Análise crítica da realidade política das forças não pertencentes ao bloco de poder. Distribuído a um número seleto de destinatários. Revisto em 09/03, sob o título de “Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?” (13 p.); publicado na revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36; link: https://interessenacional.com.br/a-miseria-da-oposicao-no-brasil-da-falta-de-um-projeto-de-poder-a-irrelevancia-politica/). Transcrito no blog Diplomatizzando (13/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/miseria-da-oposicao-no-brasil-artigo.html); retomado no blog Diplomatizzando (27/02/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/a-miseria-da-oposicao-no-brasil-da.html ). Relação de Publicados n. 1029. 

12)   2456. “Prata da Casa, Boletim ADB – 1ro. trimestre 2013”, Brasília, 20 dezembro 2012, 3 p. Notas sobre os seguintes livros: 1) Rubens Antonio Barbosa: Interesse Nacional & Visão de Futuro (São Paulo: Sesi-SP Editora, 2012, 328 p.). (...) Publicado no Boletim ADB (ano 20, n. 80, janeiro-fevereiro-março 2013, p. 28-30; ISSN: 0104-8503). Relação de Publicados n. 1094.

13)   2766. “A ideia do interesse nacional”, Hartford, 8 fevereiro 2015, 5 p. Artigo baseado em livro de Charles Beard, The Idea of National Interest (1934) com comentários a respeito das políticas contrárias ao interesse nacional sendo tomadas no Brasil da atualidade. Publicado no site do Instituto Millenium, com um subtítulo agregado: “onde estamos?” (25/02/2015; link: http://www.institutomillenium.org.br/artigos/ideia-interesse-nacional/), em Mundorama (26/02/2015) e em Dom Total (26/02/2015); divulgado no blog Diplomatizzando (27/02/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/a-ideia-do-interesse-nacional-2015.html). Relação de Publicados n. 1164.

14)   2983. “O renascimento da política externa”, Brasília, 25 maio 2016, 14 p. Artigo para a revista Interesse Nacional a pedido do Embaixador Rubens Antônio Barbosa. Publicado na revista Interesse Nacional (ano 9, n. 34, julho-setembro de 2016, link: http://interessenacional.com/index.php/edicoes-revista/o-renascimento-dapolitica-externa/). Reproduzido no blog Diplomatizzando (3/08/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/o-renascimento-da-politica-externa.html). Relação de Publicados n. 1238.

15)   3172. “Você é um ‘accident prone diplomat’: minhas interações com o embaixador Rubens Antônio Barbosa”, Brasília, 2 outubro 2017, 45 p. Ensaio impressionista para servir de depoimento sobre minha relação de trabalho e amizade com o diplomata que foi meu chefe em diversas ocasiões. Enviado a ele, em 2/10/2017. Publicado em versão resumida no livro de Rubens Antônio Barbosa: Um diplomata a serviço do Estado: na defesa do interesse nacional (depoimentos ao Cpdoc) (Rio de Janeiro: FGV, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-225-2078-7), pp. 273-289. Postagem efetuada no blog Diplomatizzando (21/10/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/depoimento-sobre-o-embaixador-rubens.html).

16)   3412. “Prata da Casa, outubro de 2018 a fevereiro de 2019”, Brasília, 20 fevereiro 2019, 6 p. Resenhas dos seguintes livros para a Revista da ADB: (...) 2) Barbosa, Rubens: Um diplomata a serviço do Estado: na defesa do interesse nacional: depoimento ao Cpdoc (Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018; 300 p.). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 99, outubro de 2018-fevereiro de 2019, p. 40-45; ISSN: 0104-8503). Disponível no site da ADB (link: https://adb.org.br/wp-content/uploads/pdf/revista-adb-99-3.pdf). Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (20/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html). Relação de Publicados n. 1311.

17)   4188. “O Brics e o Brasil: quem comanda?”, Brasília, 28 junho 2022, 3 p. Artigo para a revista Crusoé. Publicado, sob o título de “A ampliação do Brics e o interesse nacional”, na revista Crusoé (1/07/2022; link: https://crusoe.uol.com.br/secao/reportagem/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse-nacional/); transcrito no blog Diplomatizzando (1/07/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse.html). Relação de publicados n. 1461.

18)   4209. “O Brasil e sua circunstância geográfica e diplomática”, Brasília, 30 julho 2022, 4 p. Revisão redutora do artigo anterior para atender a critérios do portal Interesse Nacional; enviado ao embaixador Rubens Barbosa e ao editor Daniel Buarque. Distribuída aos participantes do painel CEBRI-USP, sobre a política externa para o entorno regional (vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xTfaxGwJzmM). Publicado no portal Interesse Nacional(10/08/2022; link: https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica-e-diplomatica/); reproduzido no blog Diplomatizzando (10/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/84437450/4209OBrasilesuacircunstânciageográficaediplomática2022). Relação de Publicados n. 1466. 

19)   4405. “A política externa enquanto política pública: questões conceituais e operacionais da diplomacia brasileira”, Brasília-Belo Horizonte, 20-29 maio 2023, 41 p. Ensaio baseado no trabalho n. 3741 (27 agosto 2020, e anteriormente no trabalho n. 1929 (“Bases conceituais de uma política externa nacional: uma contribuição para a definição de uma agenda diplomática condizente com o princípio do interesse nacional”, 27 setembro 2008, 21 p.). Publicado na revista Crítica & Controle (vol. 1, n. 3, agosto 2023, p, 138-179; ISSN: 2965-0151link da revista: https://seer.ufrgs.br/index.php/criticaecontrole/issue/current; ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2332-6233; link do artigo: https://seer.ufrgs.br/index.php/criticaecontrole/article/view/133011/89503); divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/105703823/4405_A_política_externa_enquanto_política_pública_questões_conceituais_e_operacionais_da_diplomacia_brasileira_2023_); informado no blog Diplomatizzando (18/08/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/08/a-politica-externa-enquanto-politica.html). Relação de Publicados n. 1519. 

 

Como verificado, são menos de 20 trabalhos, mas isso apenas porque o conceito de “interesse nacional” foi selecionado unicamente quando ele estava expresso no título ou na descrição do trabalho. Certamente existem muitos outros trabalhos mais, tratando da diplomacia brasileira, ou da economia e da política, em geral e referidos ao Brasil que remetem a esse conceito. Um dia vou verificar...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4619, 29 março 2024, 4 p.


 

 

Na antessala do horror: lembranças do golpe de 1º de abril - Roberto Amaral

A visão da esquerda e dos derrotados em 1964. Creio que todas as visões são relevantes para a informação, o esclarecimento e o debate sobre nossas crises políticas. PRA 

Na antessala do horror: lembranças do golpe de 1º de abril
Roberto Amaral*
      Desde 1961, com a derrota imposta pelo povo nas ruas ao golpe militar que intentara impedir a posse de Jango, vivíamos um processo histórico tenso. Hoje, com o distanciamento de tantos anos, diríamos que tenso, mas muito rico, atravessado que foi por uma realidade em construção, povoada por dúvidas e receios, muitos sonhos e muitas esperanças.
      Com os termos de hoje, diria que vivíamos de forma aguda o teatro de uma grande polarização, a que nos persegue há 500 anos, entre a necessidade do avanço (então o pleito das reformas de base, ainda hoje por serem realizadas) e a resistência do statu quo, nome de fantasia do atraso e da concentração de renda, de escandalosa injustiça. Acreditávamos, a esquerda de então, na revolução brasileira, vista como em processo, e nos considerávamos construtores de uma nova sociedade. A direita, por seu turno, a um tempo negava a ruptura e a conciliação, e direita e esquerda disputavam aliança com os militares, de um lado os “entreguistas”, de outro, o nosso campo, os legalistas, herdeiros do Marechal Lott.
   Em certos momentos tínhamos a sensação de tocar com as mãos o horizonte socialista, nossa utopia de sempre, e ao mesmo tempo confiávamos no governo João Goulart, o que punha rédeas em nosso deslumbramento revolucionário juvenil. Muitos achavam inconcebível os velhos generais abrirem as portas do poder para sargentos, políticos de esquerda, “empresários progressistas”, estudantes e camponeses sem terra. Nossos ideólogos no PCB ensinavam que a primeira fase da revolução seria em aliança com a burguesia nacional. Contava-se, de igual, com a estabilidade do governo Jango, assentado em larga maioria no Congresso e festejado pelo apoio popular, apesar da campanha ferrenha que lhe movia a grande imprensa, sempre reacionária. E,  sobretudo, confiávamos na sua base de sustentação na caserna, que se dizia forte. Era o tal do “dispositivo militar do general Assis Brasil”. 
O país discutia as reformas de base, a plataforma-síntese de nosso projeto e o divisor de águas da política. O país era uma só assembleia, e discutia-se seu destino em auditórios por todo o país. Certamente alcançou-se, naquela altura do século passado, o momento de maior nível de educação das massas e organização popular. Eram os nossos anos dourados, após o sucesso de JK;  os anos do Cinema Novo, de Maria Esther Bueno, nossa tenista campeã, do Brasil bicampeão mundial de futebol ao lado do Brasil das ligas camponesas, da UNE, da Frente Parlamentar Nacionalista, das centrais sindicais em ebulição e do crescimento do movimento popular. Mesmo a Guerra Fria nos favorecia, e foi um marco a viagem de Iuri Gagarin. 
Mas a lua tem duas faces: nossos avanços eram acompanhados pelo avanço dos centros da reação que se espalhavam Brasil afora, como o IBADE (encarregado de financiar as candidaturas de direita nas eleições brasileiras) e o IPES (formulador da doutrina golpista). Nas eleições de 1962 a direita comprometida com o golpe havia eleito os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o chamado centro dinâmico do país, aproximadamente 40% da população e 60% da economia nacional.
 A partir de 1963 sentíamos, sem clareza quanto ao significado, que algo impalpável se movia no quadro tradicional da política brasileira: a rebelião dos sargentos em Brasília e o motim dos marinheiros no Rio. Eram fatos bastante objetivos para serem ignorados.  
O recuo de Jango, retirando do Congresso o pedido de decretação do estado de sítio, que dizia amparado no apoio dos ministros militares e com o qual pretendia atingir o governador Carlos Lacerda, da Guanabara, seu principal opositor, era evidente indicador de conflito no seu núcleo mais íntimo: contra o estado de sítio moveram-se Arraes e Brizola, a Frente Parlamentar Nacionalista, a UNE e as centrais sindicais.  
Consolidava-se a ideia da iminência de um golpe, quando sonhávamos com a revolução. No Rio, ex-vice-presidente da UNE, fui conversar com José Serra, então presidente da entidade e quadro político influente. A conversa confluiu para o plano nacional, e para o golpe, que não se expunha,  mas se sentia.  Indagado sobre sua visão, o líder estudantil que seria ministro de Estado no governo FHC e governador de São Paulo, respondeu algo que ainda relembro, passados tantos anos: "- O golpe será dado. A dúvida é simplesmente sobre a iniciativa, se da direta ou da esquerda”. Voltaria a ver o Serra de longe, daí a poucos dias,  discursando no palanque do comício de 13 de março. Passadas dezenas de anos, nos reencontramos no Recife, no velório de Miguel Arraes. Ele não se recordava do diálogo. Mas, de fato, a esquerda, ou pelo menos setores da esquerda vinculados ao Partidão, já contavam com o golpe, a nosso favor, mas comandado pelos generais, e cuidavam de tomar assento. Estava na esquina o governo democrático-nacionalista e era a hora de negociar sua composição. Algo como dois dias passados do encontro com Serra, deparo-me com Antônio Carlos Peixoto, intelectual de primeira linha do PCB, assistente da fração da UNE: nosso amigo Fco. Faria, vice-presidente, iria representar a entidade em reunião que começaria a definir nosso futuro ministério. O Partidão teria dois votos, o seu, da organização, e aquele que chegaria no galope da entidade estudantil. O golpe não seria das Forças Armadas, nem contra o povo.
O comício da Central foi um marco e mudou muitas cabeças, inclusive a minha. Antes reticente em relação às vias de conquista do poder, passei a me incorporar ao contingente dos conquistados pela demonstração de força para uma imediata e irresistível conquista do poder.
No dia 17 de março, havia o que comemorar. Era o aniversário do Partidão (que desfrutava de plena liberdade e de uma legalidade fatual), e a festa foi uma conferência de Prestes, nosso secretário-geral e líder quase mítico. A “festa” foi no 9º andar da ABI, e constituiu de longa e didática preleção sobre o processo social brasileiro e a presença dos militares em nossa história. Relembro, de memória, três pontos que ainda hoje considero os de maior relevo: I) os militares brasileiros eram oriundos da classe-média, e por isso refletiam o sentimento nacional; II) as forças armadas eram legalistas e democráticas, e, corolário, III) não havia o menor risco de golpe de Estado militar. O que, dito pelo grande comandante, valia para nós como verdade irrefutável. Saímos empolgados e fomos tomar chope no bar Vermelhinho, bem em frente à ABI. No dia seguinte, Prestes repetiria sua pregação no grande comício do Pacaembu, em São Paulo. A tradução de tudo isso foi a absoluta desmobilização das forças populares.
Dois dias passados subíamos ao Nordeste, Marcos Lins, dirigente da AP,  eu e outro personagem cuja imagem e nome a história e a memória não registraram. Marcos Lins levava cartas para dois governadores da região, e eu para o governador Virgílio Távora, do Ceará, com quem me encontrei logo na  noite de minha chegada. Por indicação do movimento sindical e partidos de esquerda,  eu exercia, a partir de 1963, uma assessoria política no gabinete do governador, quadro da UDN, amigo a um só tempo de Jango (era o que se dizia) e do banqueiro Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais e figura das mais decisivas na maquinação do golpe - que, não sabia Prestes e não sabíamos nós, logo  saltaria às ruas.
No dia seguinte, estou restabelecendo contatos e tentando montar uma linha de informações, quando sou chamado ao gabinete do governador. Quando entro em sua sala, ele está saindo deu uma pequena cabine que mandara instalar, “para ter mais privacidade em suas ligações “com Brasília e Rio”. Após os rápidos cumprimentos de praxe, dirige-se a mim: “- Doutorzinho (assim ele identificava todos os colaboradores jovens), seu amigo Jango acaba de nos foder: mexeu na única coisa em que não se mexe neste país, a hierarquia militar (o governador se referia ao discurso do Presidente aos sargentos no Automóvel Clube do Rio, na noite do dia 30/03). O golpe está dado e eu não posso fazer nada por vocês Vou tentar salvar meu mandato. Saia daqui e vá avisar aos seus amigos”.
Saí, atordoado. Mesmo assim falei com quem pude, saiu de circulação quem pôde, mas não havia nenhuma retaguarda, nem opção tática: estávamos preparados, política e estrategicamente, tão-só, para assumirmos a direção revolucionária. Caminhávamos ou corríamos sem direção, como formigas expulsas do formigueiro. E houve muita resistência, talvez de ordem mais psicológica do que política, a aceitar a desagradável informação que eu levava. Ela desmontava as fantasias de há pouco. Estávamos todos sem chão, e, pior de tudo, sem saber o que fazer, sem ter a quem consultar. No auditório da Fênix Caixeiral, no centro de Fortaleza, antigo e liberal estabelecimento de ensino fundado por comerciários, sucediam-se discursos inflamados. O sentimento geral era de um repeteco de agosto de 1961 e da resistência democrática.  Mas não surgiu um novo governador Brizola, não teve voz uma nova Campanha da Legalidade. 
No dia seguinte dessa longa noite, chego cedo à Faculdade de Direito e me dou com algo que semelhava uma festa. Os companheiros comemoravam o levante do general Mourão, porque, diziam, era o que “o gal. Brasil esperava para cortar a cabeça dos golpistas”. Achei mais prudente ir à casa do governador. Era fundamental obter informações. Lá o encontrei pressionado por uma delegação de empresários que cobravam uma declaração sua de apoio ao golpe e promessa de repressão a qualquer agitação popular. Imperturbável, Virgílio, coronel do exército, repetiu não poucas vezes que seu papel era o de garantir a ordem, o que faria. Depois se soube que oficiais do 23º Batalhão de Caçadores, que seria o centro da repressão, trabalhavam naquele transe pela sua cassação. Mas o governador era sobrinho do Marechal Juarez Távora. 
Finda a pressão dos endinheirados, ficamos ali, alguns políticos e auxiliares diretos do governador. Tentando recuperar o ânimo enquanto via diante de mim o desmoronamento de um sonho que até há pouco tínhamos como realizado, virei-me para meu amigo deputado Pontes Neto, um quadro de escol, e comentei, querendo ser otimista, mas carente de convicção, e ao mesmo tempo em busca do que quer que fosse que me tirasse das previsões pessimistas que me assaltavam:  “- Pontes, isso é como um mandato que nos foi tomado. Em cinco anos tudo volta ao seu leito...” “- Não... - respondeu o sábio parlamentar - isso é coisa para dez a quinze anos”. Pontes seria um dos primeiros presos. Com o peso da realidade me oprimindo, tomei o rumo que as circunstâncias me permitiam, mas até minhas mãos chegou, na manhã seguinte, o jornal O Estado, com meu retrato na capa ao lado do deputado Moisés Pimentel, “empresário progressista”, em um encontro com camponeses promovido pelo Círculo Operário Católico, e a legenda: “Comunista até no gabinete do governador”. Ficou claro para mim que o alvo era o governador, e tive tempo para entender que Fortaleza ficara muito pequena. Logo chegaram os idos de abril, que pareciam não ter fim  pois não nos deixavam  uma só fresta para contemplarmos o horizonte. Nossas dores falavam de dias luciferinos, e falavam claramente as imagens de Gregório Bezerra, espancado, torturado, seminu sendo arrastado, corda no pescoço, exibido como presa de carniceiros pelas assustadas ruas do Recife.  Depois, muito depois, seriam as histórias de Mário Alves, nosso dirigente (torturado até a morte nas dependências da Polícia do Ex;ercito, no Rio de Janeiro), e do menino Stuart Angel (trturado até a  orte nas dependência da Base Aerio do Galeão. 
 Dois saudosos amigos, Luciano Magalhães e Aquiles Peres Mota, percorriam de carro as saídas de minha cidade. 
 

***

O 31 de março segundo Almino Afonso-  Um dos livros mais instigantes e informativos sobre o golpe é o 1964, na visão do ministro do trabalho de João Goulart, da autoria de Almino Afonso, parlamentar, jurista e advogado de primeira água. Bem editado, foi pessimamente comercializado, e assim não obteve a repercussão merecida. Documenta  a abulia do governo, e a farsa em que sempre se constituiu o dispositivo militar do Gal. Brasil, Chefe da Casa Militar do Presidente. Leitura sempre indispensável, e mais do que nunca preciosa nesses 60 anos da instauração da mais longeva e brutal ditadura militar brasileira.
Marielle Franco - Com as prisões efetuadas no último domingo, 24/03, vem à tona o grau de desintegração institucional do Rio de Janeiro, já por muitos comentada, e ganha impulso o desnudamento da trama que levou ao assassinato brutal da vereadora e seu motorista, em 2018. Diante de indícios de que as motivações do crime não se circunscreveram a questões paroquias, e seu planejamento pode ter envolvido figuras estreladas da República, surge a pergunta: até onde irão as investigações?


* Com a colaboração de Pedro Amaral


quinta-feira, 28 de março de 2024

Celso Lafer: Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação (2018): dois volumes de escritos

Um dos últimos lançamentos de livros que fiz, para ser mais exato o último, enquanto diretor do IPRI-Funag-Itamaraty, colocando um ponto final nesta coletânea de artigos, ensaios e notas feitas pelo ex-chanceler Celso Lafer, compilando mais de três décadas de uma copiosa produção de textos sempre voltados para a política externa, as relações internacionais do Brasil, a cultura e a inteligência. Reproduzo a postagem que elaborei às vésperas do lançamento em Brasília.

Dentro de mais algum tempo terei o prazer de lançar o livro que elaborei sobre sua obra, conjuntamente com esforço similar em torno da também volumosa produção intelectual de Rubens Ricupero, ambos objeto deste meu livro Vidas Paralelas.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Celso Lafer: dois volumes com seus textos principais, quase prontos

Acabo de colocar um ponto final no índice onomástico deste livro: 

Celso Lafer:
Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação
(Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1415 p.)


Aqui o sumário geral da obra: 
Volume 1
Apresentação: presidente da Funag
Prefácio – Gelson Fonseca Jr.
Índice do Volume 1
Introdução geral: Celso Lafer

Parte I – A reflexão da experiência
Parte II –Itamaraty
A instituição
Diálogos
Memórias
Parte III – Relações internacionais
A necessidade do campo
O campo teórico
Tópicos específicos 
Volume 2
Sumário 
Índice do Volume 2
Parte IV – A inserção internacional do Brasil: a política externa brasileira
O Brasil no mundo
Lições do passado
Parceiros vitais do Brasil 
Questões polêmicas
Parte V – Personalidades
Posfácio: Paulo Roberto de Almeida
Biobibliografia do autor 

Índice onomástico

Tenho um posfácio, ao final do 2o. volume, apresentando o conjunto da obra, que transcrevo mais abaixo, depois de postar as orelhas e uma parte da quarta capa. Depois do posfácio, transcrevo o sumário de cada um dos dois volumes.



“A educação de Celso Lafer: um reconhecimento ao mestre”, Brasília, 19 julho 2018, 9 p. Discussão geral da obra em publicação pela Funag de Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação, com base num paralelo intelectual com a obra de Henry James, The Education of Henry Adams: an autobiography (New York: The Modern Library, 1999), e alguma referência às Confissões de Santo Agostinho. 


A educação de Celso Lafer: um reconhecimento ao mestre

Paulo Roberto de Almeida
Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag/MRE.
 [Objetivo: apresentar a coletânea; finalidade: informar sobre o sentido da obra]

Se as Confissões de Santo Agostinho – que ocupam um lugar central na cultura cristã do Ocidente latino, ao dar início à tradição intelectual da autobiografia consciente e deliberada – apresentam essa característica de, pela sua própria natureza confessional, terem influenciado fortemente, segundo Stéphane Gioanni (L’Histoire, junho de 2018), o subjetivismo moderno, A Educação de Henry Adams inaugura, por sua vez – como construção consciente e deliberada de uma trajetória de vida tão confessional quanto as memórias do bispo da velha Hipona –, a moderna autobiografia intelectual, combinando objetivismo político com algum subjetivismo filosófico. Mais do que uma história de vida, ou uma simples memória, o livro de Henry Adams representa, mais exatamente, um grande panorama de história intelectual dos Estados Unidos entre a Guerra Civil e a Grande Guerra, um empreendimento talvez sem paralelo, até o início do século XX, na tradição ocidental das biografias “confessionais”.
Setembro de 2018 marca o centenário da primeira publicação completa da obra do bisneto de John Adams e neto de John Quincy Adams, dois antecessores presidentes. Sua educação primorosa, objeto da autobiografia (escrita na terceira pessoa), aproxima-se, em certa medida, da sólida formação intelectual de um dos maiores representantes da vida acadêmica e diplomática do Brasil: Celso Lafer. Cem anos depois da publicação daquela autobiografia pioneira, parece inteiramente pertinente seguir a “educação” de Celso Lafer, três vezes ministro, sendo duas como chanceler, chefe de missão em Genebra, professor emérito da USP, articulista consagrado, mestre de várias gerações de estudiosos de relações internacionais e de direito. 
A melhor forma de fazê-lo é por meio de uma compilação de seus muitos escritos sobre as relações internacionais, a política externa e a diplomacia brasileira, textos até aqui dispersos em um grande número de veículos impressos e digitais. A trajetória intelectual de seu autor se confunde com a própria evolução dos estudos e da prática das relações exteriores do Brasil no último meio século, mas estes dois volumes reproduzem apenas uma pequena parte de sua gigantesca produção acadêmica, profissional ou jornalística, deixando de integrar, por especialização temática nas áreas do título, uma outra parte essencial de suas atividades intelectuais, que cobrem os terrenos literário, cultural e mesmo de política doméstica.
A colaboração que pude prestar na montagem e revisão da presente coleção de textos – artigos, palestras, discursos, conferências, capítulos de livros – de Celso Lafer constituiu, ao longo do ano de 2018, uma das maiores gratificações intelectuais de minha relativamente curta trajetória como diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, (IPRI), um modesto think tank, subordinado, como o Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) – seu contraparte do Rio de Janeiro –, à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), esta por sua vez vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). Digo uma das maiores gratificações porque, justamente, dois de meus critérios na organização de eventos e publicações no IPRI são justamente esses: tudo o que for intelectualmente gratificante e inovar sobre a agenda “normal”. 
Ainda antes de assumir formalmente a direção do IPRI, pude colaborar na montagem e realização de um seminário, de uma exposição e de um livro sobre o patrono da historiografia brasileira, o também diplomata, Francisco Adolfo Varnhagen: Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico (Brasília: Funag, 2016). Nesse primeiro empreendimento junto ao IPRI ofereci um estudo sobre o “pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade”, no qual tive a oportunidade e o lazer de atualizar suas propostas de “reforma do Brasil”, apresentadas pela primeira vez em 1849, no Memorial Orgânico, documento magistralmente retirado das cinzas pelas mãos do presidente do IHGB, o historiador Arno Wehling, um especialista e também admirador da obra historiográfica de Varnhagen. 
Logo em seguida, dediquei-me a retirar das “cinzas” de um injusto ostracismo político um outro colega diplomata, o economista de formação Roberto Campos, por meio de uma obra coletiva feita inteiramente à base da admiração de amigos: O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017). O livro, entretanto, por razões de oportunidade e de cálculo político, não foi publicado pela Funag, tanto quanto um outro, sobre o historiador e diplomata Oliveira Lima. Em seguida, aproveitando o desafio da publicação da magistral Fotobiografia de Oswaldo Aranha por seu neto, Pedro Corrêa do Lago (Rio de Janeiro: Capivara, 2017), e ajudado pela perícia documentalista de seu outro neto, Luiz Aranha, decidi montar, com a preciosa e estratégica ajuda do historiador Rogério de Souza Farias, uma compilação praticamente completa dos escritos de relações internacionais e de diplomacia brasileira produzidos ao longo de trinta anos pelo grande estadista gaúcho, o segundo maior chanceler brasileiro do século XX depois de Rio Branco, segundo Rubens Ricupero: “Oswaldo Aranha dominou a política exterior dos meados do século XX como Rio Branco o fizera na sua primeira década. Depois do Barão, ninguém mais alcançou, dentro e fora do país, o prestígio e a influência de Aranha, nenhum outro dirigiu a diplomacia com tanto acerto em tempos perigosos e de escolhas difíceis.” (Apresentação de Rubens Ricupero a: Oswaldo Aranha: um estadista brasileiroBrasília: Funag, 2017, 1o. vol.). 
A coletânea Aranha preenche, sem dúvida alguma, uma lacuna na historiografia brasileira da diplomacia contemporânea, ao recolher discursos, entrevistas, cartas e escritos diversos do político rio-grandense convertido em estadista de estatura mundial. Ela cobre momentos cruciais das relações internacionais e bilaterais do Brasil em pleno século XX, quando a diplomacia esclarecida de Aranha influenciou decisivamente a política do governo Vargas ao adotar a opção correta na voragem da Segunda Guerra Mundial, aliás a única concebível para um discípulo de Rui Barbosa, no formidável embate que se travou entre as democracias do Ocidente, capitaneadas por Churchill e Roosevelt, e os totalitarismos liderados pelos fascistas da Alemanha, Itália e Japão.
Esse trabalho de garimpo documental e de lapidação redacional dos escritos dispersos de Oswaldo Aranha, esteve, provavelmente, na origem da idealização, organização e montagem da obra que agora se apresenta: uma compilação seletiva dentre os muitos, incontáveis escritos até aqui dispersos de Celso Lafer, primeiro reunidos e organizados por ele mesmo, com a ajuda de Carlos Eduardo Lins da Silva, depois revistos e padronizados por mim, ao longo de muitas noites de indescritível prazer intelectual. Não sei se por pura emulação historiográfica, se por alguma secreta indução bibliográfica e documental, ou se por um evidente paralelismo diplomático, Celso Lafer e eu mesmo cogitamos, quase simultaneamente, que depois da “compilação Oswaldo Aranha” estava mais do que na hora de também pensarmos numa “compilação Celso Lafer”. Material, aliás abundante, não faltava para esse novo empreendimento.
A decisão foi então tomada em vista da existência, dispersa até aqui, dos seus muitos escritos de relações internacionais, de política externa e de diplomacia do Brasil, que constituem, ao mesmo tempo, um grande panorama do cenário mundial, político e econômico, nas últimas cinco décadas. Esses textos reproduzem meio século de ideias, reflexões, pesquisas, andanças e um exercício direto de responsabilidades à frente da diplomacia brasileira, em duas ocasiões, e, através dela, de algumas funções relevantes na diplomacia mundial, como a presidência do Conselho da OMC, assim como em outras instâncias da política global. Celso Lafer esteve à frente de decisões relevantes em alguns foros decisivos para as relações exteriores do Brasil, na integração regional, no comércio mundial, nos novos temas do multilateralismo contemporâneo.
Esta obra, construída ao longo de alguns meses de garimpo documental e de lapidação formal, a partir de um aluvião torrencial de pepitas preciosas que vinham sendo carregadas pelo fluxo heteróclito de publicações no decorrer de várias décadas, apresenta, finalmente, o que se espera seja uma obra de referência e uma contribuição essencial ao conhecimento da diplomacia brasileira e da vida intelectual em nosso país, a partir dos anos 1960 até aqui. Suas qualidades intrínsecas, combinando sólida visão global e um conhecimento direto dos eventos e processos que o autor descreve e analisa, representam um aporte fundamental a todos os estudiosos de diplomacia e de relações internacionais do Brasil, uma vez que reúne os relevantes escritos do mais importante intelectual desse campo, com a vantagem dele ter tido a experiência prática de conduzir a diplomacia brasileira em momentos significativos da história recente. As “questões polêmicas” da quarta parte reúnem alguns de seus artigos de jornal, nos quais exerceu um olhar crítico sobre a “diplomacia” implementada a partir de 2003, rompendo pela primeira vez a tradição secular da política externa brasileira, no sentido de representar o consenso nacional em torno dos interesses do país, para adotar o sectarismo míope de um partido que tentou monopolizar de forma canhestra (e corrupta) o sistema político. 

Henry James, ao escrever em 1907 a sua autobiografia intelectual, admitia, indiretamente – segundo o prefácio de Henry Cabot Lodge à obra finalmente publicada em setembro de 1918 pela Massachusetts Historical Society –, que a grande ambição do neto e bisneto de presidentes era a de “completar as Confissões de Santo Agostinho”. Mas, diferentemente do pai da Igreja Cristã, que, como grande intelectual, trabalhou a partir de uma multiplicidade para a unidade de ideias em torno da fé cristã, seu moderno êmulo americano reverteu a metodologia, passando a trabalhar a partir da unidade para a multiplicidade de ideias (The Education of Henry Adams: an autobiography, p. xxxiv, da edição de 1999 da Modern Library). Isso talvez porque, à diferença da angustiada defesa de uma rígida crença nos dogmas cristãos, exibida no quarto século da nossa era pelo pai intelectual da Igreja Católica, Henry Adams ostentava o agnosticismo científico típico dos primeiros darwinistas sociais do final do século XIX. 
Celso Lafer, herdeiro intelectual de grandes pensadores judeus do século XX, é, provavelmente também, um agnóstico pragmático, combinando destreza acadêmica e tino empresarial, como sempre foi a outra vertente de seus familiares e de um grande antecessor na diplomacia, seu tio Horácio Lafer, ministro da Fazenda e das Relações Exteriores na República de 1946. O modelo da autobiografia de Henry Adams, com suas três dezenas de capítulos seguindo a trajetória do ilustre herdeiro dos Adams nas grandes capitais do mundo ocidental – Washington, Londres (seu pai foi ministro na Corte vitoriana), Berlim, Paris (a Exposição Universal de 1900), Roma e muitas outras cidades dos Estados Unidos e da Europa–, poderia servir, eventualmente, para retraçar a carreira intelectual e diplomática de Celso Lafer, que também percorreu as grandes capitais da diplomacia mundial, como intelectual ou ministro das Relações Exteriores.
O jovem Adams, ao acompanhar como secretário o seu pai, designado em 1861 ministro plenipotenciário de Abraham Lincoln junto à corte da rainha Vitória, construiu uma educação “diplomática” no centro do que era então o maior império do planeta; ele pode encontrar-se com líderes britânicos da estatura de um Palmerston ou Gladstone, assim como, em suas andanças pela Europa, com “anarquistas” bizarros, ao estilo de um Garibaldi. Celso Lafer, por sua vez, construiu sua educação diplomática na observação direta do que foi feito por seu tio, Horácio Lafer, antes como ministro da Fazenda do Vargas dos anos 1950, depois à frente do Itamaraty, numa segunda fase do governo JK, dedicando a ambos trabalhos analíticos posteriores que figuram com realce em sua bibliografia. Da gestão do tio na política externa, destacou sobretudo sua ação no campo econômico: acordos comerciais, integração regional e aproximação à Argentina.
Essa educação continuou nos anos seguintes, de forma não surpreendente nos mesmos grandes temas focados anteriormente e, como Henry James, no contato direto com personalidades de realce na cena mundial; percorrendo as páginas dos dois volumes de Celso Lafer é possível registrar alguns dos grandes nomes do estadismo mundial, com quem Celso Lafer encontrou-se ou conviveu ao longo dessas décadas. Ele discorre, sempre de modo empático, mas penetrante, sem dispensar aqui e ali o bom humor, sobre líderes estrangeiros como Mandela, Shimon Peres, Koffi Annan, Antonio Guterres e, retrospectivamente, sobre o êmulo português do embaixador Souza Dantas, o cônsul Aristides de Souza Mendes, um justo entre os injustos do salazarismo. Dentre os diplomatas distinguidos do Brasil figuram os nomes deSaraiva Guerreiro e de Sérgio Vieira de Mello, para mencionar apenas dois nessa categoria.
Comparecem igualmente vários colegas e autores de renome, intelectuais da academia ou da diplomacia, como José Guilherme Merquior, Sergio Paulo Rouanet, Gelson Fonseca Jr., Synesio Sampaio Goes, Rubens Ricupero, Gilberto Dupas, Celso Furtado, Miguel Reale, Fernando Henrique Cardoso, entre os brasileiros. Estudiosos  estrangeiros, alguns conhecidos pessoalmente, aparecem sob os nomes de Karl Deutsch, Raymond Aron, Andrew Hurrell, Octavio Paz, Morgenthau, Kissinger e Prebisch. Suas resenhas e prefácios registram autores conhecidos na área, a exemplo de Sérgio Danese, Fernando Barreto, Gerson Moura e Eugenio Vargas Garcia, contemplados com extensas notas publicadas na revista Política Externa, da qual foi um dos responsáveis, junto com Gilberto Dupas e Carlos Eduardo Lins da Silva, durante vários anos.

A educação de Celso Lafer se fez, primordialmente, em intensas leituras e eventuais contatos, com grandes nomes do pensamento histórico, filosófico e político da tradição ocidental, desde mestres do passado remoto – Tucídides, Aristóteles, Grócio, Vico, Hume, Bodin, Hobbes Montesquieu, Kant, Tocqueville, Charles de Visscher e outros – até mestres do passado recente, inclusive alguns deles encontrados em carne e osso: Hans Kelsen, Carl Schmitt, Isaiah Berlin, Hanna Arendt, Norberto Bobbio, Raymond Aron, Hedley Bull, Martin Wight, Albert Hirschman, Stanley Hoffmann e muitos outros. Um desses “grandes mestres” aparece apenas marginalmente, ou episodicamente nos textos aqui coletados: Karl Marx, objeto de várias referências indiretas no exame da literatura especializada. Henry James, de seu lado, faz, em sua autobiografia, diversas referências ao pai do “socialismo científico” e afirmou ter seriamente considerado, junto com as teses ousadas de Darwin, os argumentos defendidos em O Capital, embora não demonstrasse entusiasmo com os anúncios precursores quando à derrocada do capitalismo. 
James, na verdade, demonstra certo esnobismo em relação à maior parte dos teóricos que digeriu, em Harvard ou em suas leituras posteriores. Ao referir-se, por exemplo, à necessidade de conhecer os ensinamentos de Marx, continua dizendo que o confronto também devia ser feito em relação à “satânica majestade do livre comércio de John Stuart Mill” (p. 72). Mais adiante, ao fazer o balanço de sua visita à Exposição Universal de Paris, em 1990, que representava o triunfo do capitalismo da belle Époque, ele revela que “tinha estudado Karl Marx e suas doutrinas da história com profunda atenção, mas que não podia aplicá-las a Paris” (p. 379). No caso de Lafer, não há menção a algum estudo sério da doutrina marxista, mas as referências não faltam, seja por meio de Raymond Aron, seja através de obras de Hélio Jaguaribe.
Ambos, porém, Henry James e Celso Lafer, exibem o mesmo compromisso incontornável com os princípios do liberalismo político e dos governos democráticos. James, ao conviver mais longamente com o sistema parlamentar inglês, considerava que “o governo de classe média da Inglaterra constituía o ideal do progresso humano” (p. 33). Por classe média, ele queria dizer, obviamente, burguesia, em oposição à velha aristocracia de títulos, que não existia no seu país natal; ela estava surgindo, em sua própria época, mas apenas a partir do exibicionismo ostensivo dos “barões ladrões”, enobrecidos financeiramente a partir da idade dourada do capitalismo americano. Celso Lafer, do seu lado, sempre foi um liberal doutrinal e filosófico, não obstante seu alinhamento pragmático com a socialdemocracia na política brasileira, no que, aliás, ele combina com um de seus mestres, o jurista e intelectual italiano Norberto Bobbio. 

Mais de uma centena de textos comparecem nos dois volumes, organizados em cinco partes bem identificadas, embora algumas repetições sejam detectáveis aqui e ali. O conjunto dos escritos constitui, sem dúvida alguma, um completo curso acadêmico e um amplo repositório empírico em torno dos conceitos exatamente expressos no título da obra: Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação. Os artigos, ensaios, conferências e entrevistas podem servir, em primeiro lugar, a todos os estudantes desses campos, não restritos, obviamente, aos próprios cursos de Relações Internacionais, mas indo ao Direito, Ciência Política, Filosofia, Sociologia, História, além de outras vertentes das Humanidades. Mas, os diplomatas profissionais e os demais operadores consolidados trabalhando direta ou indiretamente nessas áreas também encontrarão aqui um rico manancial de ideias, argumentos e, mais importante, “recapitulações” em torno de conferências, negociações, encontros bilaterais, regionais ou multilaterais que figuraram na agenda internacional do Brasil nas últimas décadas. 
A diversidade de assuntos, inclusive em relação aos próprios personagens que aqui comparecem, em “diálogos”, homenagens, obituários ou relatos de encontros pessoais, possuem um inegável vínculo entre si, pois todos eles têm a ver, de perto ou de longe, com a interface externa do Brasil e com os voos internacionais do autor. Os textos não esgotam, obviamente, o amplo leque de interesses e de estudos do autor, que se estende ainda aos campos da literatura e dos assuntos culturais em geral, trabalhos que figuram em diversos outros livros publicados de Celso Lafer, vários monotemáticos e alguns na categoria de coletâneas, como por exemplo os três volumes publicados pela Atlas, em 2015, enfeixados sob o título comum de Um percurso no Direito do século XXI, mas voltados para direitos humanos, direito internacional e filosofia e teoria geral do direito. A sua produção variada, acumulada intensa e extensivamente em tão larga variedade de assuntos, permite o mesmo tipo de “assemblagem” ocasional efetuada na presente obra em dois volumes. Apresentando, por exemplo, seus escritos focados em Norberto Bobbio: trajetória e obra (São Paulo: Perspectiva, 2013), Celso Lafer começa por lembrar justamente essa prática do mestre italiano: 
Bobbio, ao fazer, em 1994, um balanço de sua trajetória, observou que a sua obra caracterizava-se por livros, artigos, discursos sobre temas diversos, ainda que ligados entre si [nota: a referência aqui é à obra de Bobbio, O Futuro da Democracia]. Parte muito significativa e relevante da sua obra é constituída por volumes que são coletâneas de ensaios, reunidos e organizados em função dos seus nexos temáticos. Esses volumes de ensaios cobre os diversos campos do conhecimento a que se dedicou: a teoria jurídica, a teoria política, a das relações internacionais, a dos direitos humanos e o vinculo entre política e cultura, rubrica que abrange a discussão do papel do intelectual na vida pública. Esses volumes são representativos do contínuo work in progress da trajetória intelectual de Bobbio, esclarecendo como, no correr dos anos, por aproximações sucessivas, foi aprofundando a análise dos temas recorrentes do seu percurso de estudioso. (p. 23)

A partir da transcrição desse introito se poderia perfeitamente dizer: Ecce homo (talvez menos na linhagem nietzscheiana, e mais na do original bíblico). A afirmação se aplica inteiramente à própria trajetória acadêmica e profissional de Celso, ao seu percurso intelectual, à sua visão do mundo, com uma vantagem adicional sobre o jurista italiano, devido ao fato de Lafer ter sido bem mais do que um “simples professor”, ao ter exercido por duas vezes (até aqui) o cargo de ministro das relações exteriores (e uma vez o de ministro do desenvolvimento e de comércio exterior), funções certamente mais relevantes, para o Brasil, do que o cargo largamente honorífico concedido a Norberto Bobbio, já quase ao final da sua vida, de senador da República italiana. 

O percurso de Celso Lafer, no Brasil e no mundo, sua postura filosófica, de defensor constante dos direitos humanos e da democracia política, suas aulas na tradicional Faculdade de Direito (e em muitas outras conferências em universidades e várias instituições em incontáveis oportunidades), sua luta pela afirmação internacional do Brasil nos mais diversos foros abertos ao engenho e arte da diplomacia nacional, todos esses aspectos estão aqui refletidos em mais de uma centena de trabalhos carinhosamente reunidos sob a direção do próprio mestre e oferecidos agora ao público interessado. Não apenas o reflexo de uma vida dedicada a construir sua própria trajetória intelectual, esses textos são, antes de qualquer outra coisa, aulas magistrais, consolidadas numa obra unitária, enfeixada aqui sob a tripla dimensão do título do livro. 
Mais do que uma garrafa lançada ao mar, como podem ser outras coletâneas de escritos dispersos oferecidos a um público indiferenciado, a centena de “mensagens laferianas” aqui reunidas constituem um útil instrumento de trabalho oferecido aos profissionais da diplomacia, ademais de ser uma obra de referência aberta à leitura dos pesquisadores, dos professores e dos estudantes dessas grandes áreas de estudos e de trabalho acadêmico. Ao disponibilizar essa massa de escritos da mais alta qualidade intelectual ao grande público, esta obra faz mais do que reunir estudos dispersos numa nova coletânea de ensaios conectados entre si: ela representa, também e principalmente, um tributo de merecido reconhecimento ao grande mestre educador que sempre foi, e continuará sendo, Celso Lafer.
Vale!

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de julho de 2018

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Celso Lafer

Relações internacionais,política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação
 (Brasília: Funag, 2018, 2 vols., 1415 p.)

Sumário Volume 1


Apresentação: presidente da Funag
Prefácio: Gelson Fonseca Jr. 
Introdução geral: Celso Lafer
PARTE I
A reflexão da experiência
1.     Uma vida na diplomacia: entrevista ao CPDOC (1993)
2.     Reflexões sobre uma gestão: 2000-2002 (2003)
3.     Uma trajetória diplomática: entrevista à revista Sapientia(2012)

PARTE II
Itamaraty
A instituição
4.     A autoridade do Itamaraty (1992)
5.     O Palácio do Itamaraty: Rio-Brasília (2001)
6.     Uma diplomacia de fundação: O Itamaraty na cultura brasileira (2001)
7.     Rio Branco e o Itamaraty: 100 anos em 10 (2002)
8.     Rio Branco e a memória nacional (2012)
9.     Desatar nós: posse do secretário-geral Osmar Chohfi (2001)
10.  O retorno ao Itamaraty (2001)

Diálogos
11.  José Guilherme Merquior: A legitimidade na política internacional (1993)
12.  Gelson Fonseca Jr.: A legitimidade na vida mundial(1998)
13.  Sergio Danese: Diplomacia presidencial(1998)
14.  Synesio Sampaio Goes: Navegantes, bandeirantes e diplomatas (2000)
15.  Fernando Barreto: Os sucessores do Barão, 1912-1964(2001)
16.  Rubens Ricupero: A viagem presidencial de Tancredo (2010)
17.  Gelson Fonseca: A diplomacia multilateral do Brasil (2015)
17bis. Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil(2001)

Memórias
18.  Horácio Lafer (1900-1965): sua atualidade (2015)
19.  Diplomatas contra o Holocausto (2001)
20.  Saraiva Guerreiro: um empregado do Itamaraty (1992)
21.  As lições das memórias de Lampreia (2010)

PARTE III
Relações internacionais
A necessidade do campo
22. O estudo das relações internacionais: necessidade e perspectivas (1982)
23. Discurso de agradecimento pelo prêmio Moinho Santista (2001)
24. Discurso de agradecimento como professor emérito do IRI-USP (2012)

O campo teórico
25. A política externa, a paz e o legado da Grécia clássica (1982)           
26. Os dilemas da soberania (1982)
27. Karl Deutsch e as relações internacionais (1982)
28. Aron e as relações internacionais (2005)
29. A Escola Inglesa: suas contribuições (2013)
30. Andrew Hurrell: sobre a ordem global (2008) 
31. Zelotismo-Herodianismo na reflexão de Helio Jaguaribe (2013)

Tópicos específicos 
33. Guerra e Paz: o painel de Portinari na sede da ONU (2004)
34. O desarmamento e o problema da paz (1984)
35. Direito e legitimidade no sistema internacional (1989)
36. Obstáculos a uma leitura kantiana do mundo no século XXI (2005)
37. Direitos humanos e democracia no plano interno e internacional (1994)
38. O GATT, a cláusula de nação mais favorecida e a América Latina (1971)
39. Comércio internacional, multilateralismo e regionalismo (1991)
40. Reflexões sobre a OMC aos 50 anos do comércio multilateral (1998)
41. Perspectivas da Argentina: Felix Peña (2004)
42. Empresas transnacionais: Luiz Olavo Baptista (1987)
43. O significado da Rio-92 e os desafios da Rio+20 (2002)
44. Mundo, ciência, diplomacia (2015)
45. Cúpulas ibero-americanas (1992)      
46. O Diálogo Transatlântico: Carlos Fuentes (2013)
47. Armas nucleares (2017)
48. O mundo e os refugiados (2016)
49. União Europeia, 50 anos: lições do passado, desafios futuros(2007)
50. 60 anos do GATT e da Declaração Universal dos Direitos Humanos (2008)
51. Proteção de nacionais no exterior: decisão da corte da Haia (2004)
52. A independência do Kosovo e a Corte de Haia (2010)
53. Sobre o Holocausto (2011)
55. Variações sobre o tempo (2011)

Sumário Volume 2


PARTE IV
A inserção internacional do Brasil: a política externa brasileira
O Brasil no mundo
56. Segurança e desenvolvimento: uma perspectiva brasileira (1972)
57. Panorama geral da situação internacional (1981)
58. Representação, controle e gestão em política externa (1984)
59. Dilemas da América Latina num mundo em transformação (1988)
60. A inserção internacional do Brasil (1992)
61. Diplomacia e parlamento (1992)
62. Relações internacionais do Brasil: palestra na ESG (1992)
63. O mundo mudou (2001)
64. Repúdio ao terrorismo (2001)
65. O Brasil, sua gente e o Oriente Médio (2012)
66. O Brasil num mundo conturbado (2016)

Lições do passado
67. 1ª e 2ª conferências da paz de Haia, 1899 e 1907 (2010)
68. O Brasil e a Liga das Nações (2000)
69. Conferência do Rio de 1992 (1998)
70. Gerson Moura: a política externa de Vargas e Dutra (1992)
71. Diplomacia de JK: dualidade a serviço do Brasil (2001)
72. Política exterior brasileira: um balanço da década de 1970 (1981)
73. Brasil-EUA: história e perspectivas das relações diplomáticas (1982)
74. Possibilidades diplomáticas do governo Tancredo Neves (1985)
75. A viagem presidencial de Tancredo Neves: seu significado (1985)
76. A política externa do governo Collor (2017)
77. Reflexões sobre o 11 de setembro (2003)
78. Um olhar sobre o mundo atual (2015)
79. A herança diplomática de FHC (2004)
80. Ação, experiência e narração em FHC (2006)

Parceiros vitais do Brasil
81. Brasil-Argentina – uma relação estratégica (2001)
82. Relações Brasil-Portugal: passado, presente, futuro (2000)
83. A política externa do Brasil para a América Latina (2014)
84. O Brasil na América Latina (2013)
85. Reflexões sobre a CPLP: lusofonia, sonhos e realidade (2013)
86. Reflexões sobre o tratado de 1895 com o Japão (2015)

Questões polêmicas
87. A ONU, Israel e o sionismo (1975)
88. Entusiasmo no Itamaraty? (2003)
89. Partidarização da política externa (2009)
90. A política externa: necessidades internas, possibilidades externas (2006)
91. A política externa e a crise política (2005)
92. Variações sobre a política externa (2006)
93. Novas variações sobre a política externa (2007)
94. Diplomacia brasileira: novas variações críticas (2010)
95. Ahmadinejad no Brasil: um equívoco (2009)
96. O Brasil e a nuclearização do Irã (2010)
97. O Mercosul, a Venezuela e a cláusula democrática (2009)
98. Asilo diplomático: o caso do senador Roger Pinto (2013)


PARTE V
Personalidades
Personagens
99. Gerson Moura (1939-1992): In Memoriam (1992)
100. José Guilherme Merquior: diplomacia da inteligência (2001)
101. Sérgio Vieira de Mello: uma vida na construção da paz (2003)
102. Em louvor de Aristides de Souza Mendes (1885-1954) (2004)
103. Homenagem a Celso Furtado (1920-2004) (2005)
104. Gilberto Dupas: uma homenagem (2009)
105. Com coragem, Mandela fez o impossível (2013)
106. De Klerk: um herói da retirada (2014)
107. Octavio Paz: a democracia no mundo ibero-americano (2014)
108. Sergio Paulo Rouanet e a questão da democracia (2014)
109. Shimon Peres (1923-2016): um estadista diplomata (2016)
110. Rubens Ricupero: saudação ao professor emérito (2016)
111. Koffi Annan e as Nações Unidas (2001)
112. Antonio Guterres na ONU (2017)

Posfácio: Paulo Roberto de Almeida
Biobibliografia do autor 
Índice onomástico
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“Há quase quarenta anos tenho o privilégio de conviver e conversar com Celso Lafer sobre alguns dos temas sobre os quais escreve. Conhecia praticamente todos os textos aqui publicados. Sobre alguns, trocamos ideias antes de sua versão final. Ainda assim, a leitura dos artigos me surpreendeu. Em primeiro lugar, pelo volume. Mais de uma centena de textos, de formatos diversos, que foram apresentados em periódicos, conferências, depoimentos no Congresso e em jornais. Há ensaios acadêmicos mais longos, com vocação analítica e, de outro lado, textos curtos, jornalísticos, em cima de questões candentes e polêmicas. Estavam dispersos, publicados em veículos diversos, alguns de difícil acesso. Daí ser tão oportuna e bem-vinda a sua republicação.”

Do prefácio do embaixador Gelson Fonseca Jr., diretor do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD-Funag).


“A trajetória intelectual de Celso Lafer se confunde com a própria evolução dos estudos e da prática das relações exteriores do Brasil no último meio século, mas estes dois volumes reproduzem apenas uma pequena parte de sua gigantesca produção acadêmica, profissional ou jornalística... (...) Estes textos reproduzem meio século de ideias, reflexões, pesquisas, andanças e um exercício direto de responsabilidades à frente da diplomacia brasileira, em duas ocasiões, e, através dela, de algumas funções relevantes na diplomacia mundial, como a presidência do Conselho da OMC, assim como em outras instâncias da política global. Celso Lafer esteve à frente de decisões relevantes em alguns foros decisivos para as relações exteriores do Brasil, na integração regional, no comércio mundial, nos novos temas do multilateralismo contemporâneo.Esta obra, construída ao longo de alguns meses de garimpo documental e de lapidação formal, a partir de um aluvião torrencial de pepitas preciosas que vinham sendo carregadas pelo fluxo heteróclito de publicações no decorrer de várias décadas, apresenta, finalmente, o que se espera seja uma obra de referência e uma contribuição essencial ao conhecimento da diplomacia brasileira e da vida intelectual em nosso país, a partir dos anos 1960 até aqui.”

Do posfácio do embaixador Paulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI-Funag).